quinta-feira, 28 de março de 2013

Testemunhos - VIII

Maldito seja o dicionário que não tem palavras que cheguem... Há momentos que não têm tradução, há vidas que não têm legendas... Por mais vírgulas que acrescentemos, haverá sempre palavras que não foram ditas... Haverá sempre emoções que ficaram por descrever... Por muito que o lápis rabisque, jamais ficará escrito tudo o que significamos...

Talvez seja mais fácil dizê-lo a cantar, escrever nunca foi o meu forte! Só quero agradecer por fazerem parte da minha vida. Cresci e aprendi convosco o verdadeiro significado de união, superação e amizade. Fomos, somos e seremos uma família. Um pequeno testemunho mas um grande sentimento. Saudades*"

quarta-feira, 27 de março de 2013

Peças do baú... 2

 Há momentos na vida de um treinador, em que o lado humano e pessoal que vive dentro de nós, trai a força e a carapaça com que nos pintamos... Talvez nem todos os tenham... Talvez nem todos, ainda, os tenham tido... Eu tive!
A época 2009/2010 foi terminada em braços... Como um atleta carregado até cortar a meta...Só pelo orgulho e o virtuosismo de a cortar... Só para não ter desistido...
Esta época foi assim... terminada a rastejar... Nestas alturas, encontrar quem salte para a pista e nos abrace não é fácil...
Para mim só fazia sentido ser amparada por quem nunca me faltou. Se não viesse dali, não viria de lado nenhum...
Depois de uma semana de ausência aos treinos... A primeira de uma vida... Senti que não podia deixar a equipa a meio, não podia abandoná-la. Se o momento estava pesado para mim, o abandono a meio da época podia ser ainda mais desastroso... Decidi que terminaria a época!
No dia do jogo, este foi o cartaz que li quando entrei no pavilhão... Ali senti que valia a pena... Que tinha feito a escolha certa.

Quando a equipa entrou para o aquecimento, todas sem excepção, tinham esta pequena enorme "tatuagem" no braço direito... Já é mágico... Jogaram com ela sem pudor... Senti até orgulho na homenagem, exibindo-a  com charme... Para mim, claro que foi mágico... Principalmente, porque estes braços já não eram das meninas... Estes braços descomplexados, eram da minha equipa sénior...

Testemunhos - VII

Mais uma vez o tempo se esbarra com a intensidade...Sempre o tempo a nortear as nossas vidas...  Poucos momentos... poucos minutos... Ás vezes, por descuido, por demasiada ocupação... o tempo traduz-se em pouca atenção. Fica-nos muitas vezes o sentimento infame, que podíamos ter feito mais, ter sido mais, ter dado mais... Mas mais uma vez o tempo emerge, para nos lembrar que o passado é intocável.
Vindo de lugares recônditos,  que muitas vezes nos esquecemos de ver, o sentimento de gratidão... esse mesmo... que tantas vezes não vimos naqueles que nos esbarram a visão...
A treinadora que fui, aprendeu muitas destas lições...Algumas vezes pedi desculpa, hoje digo obrigado!


"Ainda me lembro do meu primeiro dia, quando cheguei ao pavilhão para iniciar um novo projecto que tinha ambicionado na minha vida. Antes de ir pensei que poderia ser difícil por diversas razões, mas depressa tudo o que parecia difícil se tornou fácil. Conheci pessoas fantásticas e juntamente com todas vocês conheci o que é o verdadeiro “ espírito de equipa”, esse mesmo que me fazia dar o “tudo por tudo” e que nunca me fez desistir ultrapassando barreiras que ainda não tinha sido capaz de ultrapassar, vivendo momentos únicos que pretendo levar comigo no “livro das recordações”.
Cresci muito com todas vocês, mas queria agradecer especialmente a minha treinadora que para além de treinadora é uma verdadeira amiga OBRIGADA!
Um por todos e todos por um sempre….."

terça-feira, 26 de março de 2013

Testemunhos - VI

Porque quando caminhamos, nem sempre encontramos a direcção certa... Nem sempre pedimos informações às pessoas certas... E no palco... aí, definitivamente não há músico que não toque uma nota em falso... não há actor que não falhe uma deixa...
Que nos reste o mísero prémio de consolação, de saber que demos o nosso melhor... E a nota... a deixa... não falhamos de propósito...
Ao jeito do fado, lembrar: "Quem vier por bem, que entre"




" E lá fomos nós... em busca de melhorar o pouco muito que sabíamos.
À partida, (calções, t-shirt e sapatilhas no saco) o ambiente não desiludiu, éramos nós equipa que caminhávamos para uma experiência deveras prometedora, íamos ser acolhidas no antro do basquetebol português a que poucas têm acesso.
Os treinos foram tomando forma, sem que interiormente, nenhuma ,com quase toda a certeza, se questionasse se era aquele o caminho que iludidamente queríamos apreciar. Chegaram os jogos, contudo, aquele não era o “jogo” que guardávamos com saudade e conhecíamos, não foi com certeza o palco dos nossos anseios, as “lutas” que nos queríamos deparar.
E juntas descobrimos que mais do que basquetebol jogar, juntas como equipa querias era num campo, balneário, treino, jogo coabitar.
Talvez um dia... o NÓS irá voltar, com propriedade conhecida, sem medo da investida, mesmo sem craques apresentar, um todo se irá mostrar!"

Peças do baú... 1


7 de Abril de 2009… é o que se lê no canto da carta que aqui vou deixar. Lembro-me vagamente desta altura… Eram tempos duros para mim… A época estava demasiado pesada… Pelo texto, deve ter sido o dia em que comuniquei à equipa que deixaria o basket no final da época… Não tenho nenhuma imagem dessa conversa… apagou-se… Então, presumo que no dia 8, encontrei esta carta no bolso do meu blusão:

“Hoje quando te vi entrar no balneário senti um medo familiar… o medo que em mim criaste há um ano atrás quando ameaças-te deixar-nos… Senti-o, porque o teu olhar o anunciava desde que entraste no pavilhão…
Sei que a tua dor é imensa e que te sentes apunhalada pelas filhas de há 9 anos… Não sou uma delas… infelizmente… Mas, como elas, devo-te tudo o que sei… o pouco que consigo por em campo foste tu que crias-te… a vontade que hoje tenho de lutar e vencer foste tu que inspiraste… o momento mais feliz da minha vida foi ao teu lado que vivi… Um dia, daqui a uns anos, vou recordar-te como “aquela que me ensinou a lutar até ao fim, vencer e mesmo assim nunca ficar satisfeita”… Mostraste-me o quão bem sabe vencer… Mostraste-me o que é uma equipa… Mostraste-me que não há nada melhor que as duas coisas juntas… E agora deixas-nos… Deixas-me… Como dizia a Diana: “Não vou ter outra treinadora”… Faço dela as minhas palavras… Tu és e sempre serás a minha treinadora… Tal como esta sempre será (apesar de tudo) atua equipa…
Sei que isto aconteceu sem o teu consentimento… contra a tua vontade… Desculpa o tanto que te esforçaste em vão… Desculpa os problemas que tiveste por nós… Desculpa não termos sido o que tu merecias que fossemos… Desculpa…
Gostava que o tempo voltasse atrás e tivéssemos de novo aquela equipa… Tivéssemos de novo a garantia que tu serias a nossa líder… A garantia que íamos jogar basket como e com quem gostamos…
Gostava que entendesses que há pessoas que te querem aqui… Que te dão o valor que tu mereces… uma que até recusou a Liga Profissional por ti… ela joga por ti… eu jogo por ti… Nunca te esqueças disso… És, e sempre serás a nossa MOURINHA…."

Testemunhos V

Se no nosso caminho houver vestígios, pequenos que sejam, de tudo o que vivemos... então é porque valeu a pena...


"Explicar uma experiência que comecei a viver há 13/14 anos atrás é, a meu ver, bastante complicado. Agora com 23 anos de idade (e apesar de jovem) vejo o mundo de forma diferente do que via com 10/11 anos de idade, contudo tentarei explicar como me sentia nesse tempo refutando como vejo agora. Teria os meus 9 anos de idade quando percebi que o basket era a minha paixão, comecei a jogar no clube B.C.G. e simplesmente adorava, no entanto quando me tornei iniciada fui obrigada a mudar de clube, pois já não poderia jogar numa equipa mista. Confesso agora, pela primeira vez, que não fiquei nada contente de ir para o J.B.G., pois iria mudar de equipa e de treinador. Apesar da relutância, comecei logo a habituar-me à nova equipa e lá tive grandes memórias. Acho que me posso gabar de me ter dado com toda a gente da equipa, umas mais que outras, mas no entanto nunca tive atritos com ninguém. E considero este facto bastante importante, porque éramos um grupo de raparigas adolescentes que conviviam, pelo menos, 4 dias por semana, logo pequenos atritos eram a coisa mais natural. Mas também refiro aqui que a treinadora sempre teve atenção em criar o melhor ambiente possível. Foi com esta equipa que cresci e aprendi o que significa espírito de equipa. Infelizmente fui obrigada a parar dois anos, e o facto de querer voltar acho que mostra o quanto gostava do desporto e das pessoas. No entanto, as pessoas mudam, enfrentamos problemas e mudamos os caminhos na nossa vida. Na minha opinião as coisas nunca serão como dantes, porque já não somos crianças, já temos outros objectivos na vida e, muitas de nós, já temos os caminhos traços. Mas não vejo isto como algo negativo, pois isto sim é a vida! Nada dura para sempre e por muito que se tente não conseguimos igualar o passado. É por isso que temos que seguir em frente e apenas recordar com um sorriso os momentos que passamos. Acho que é perceptível que gostei do tempo que passei com esta equipa, pois pude jogar o desporto que adoro, passei por grandes momentos e conheci a pessoa que agora chamo de irmã."

Testemunhos - IV

Ler um testemunho destes, é mágico de todas as maneiras que se possa dissecá-lo... mas a mais pura magia, só eu e este mulher linda percebemos... Porque encontro pedaços de mim a cada frase que agora é dela... Pensa com coisas que eu disse, sente com sentimentos que lhe dei...



"Passado tanto tempo consigo sentir, ainda hoje o cheiro do primeiro pavilhão em que treinei e todo o medo que senti nesse primeiro treino que fiz com vocês… Cheguei tarde, mas muito a tempo de fazer parte da família… Pois nunca ninguém ficou de fora, eu não fui excepção… Muito, muito obrigada por isso! Lembro me perfeitamente de como a nossa treinadora me fez ir ao primeiro treino “Sexta-feira em Creixomil, estou à tua espera!”… Não há um dia que eu não agradeça isso e deseje que tivesse acontecido antes… Mas aconteceu, e é isso que me faz saber e ser o que sou hoje… A nossa equipa mudou-me… Talvez tenhas conseguido “tornar me um ser humano pior” como querias… Mas mais importante de tudo aprendi a lutar por um sonho, a correr mais do que as nossas pernas aguentavam e que o banco também joga… Tudo o que me ensinaram e deram está em cada molécula do que sou, todas vocês fizeram um bocadinho de mim e todos os dias, sem exceção, penso em nós… Passado tanto tempo lembro me muito pouco dos jogos, mas lembro me muito bem das brincadeiras, dos treinos, das conversas e palhaçadas no balneário… Porque no fundo a amizade é que tornava tudo tão especial… Claro que foi o basquetebol que juntou, mas com o tempo, era a nossa amizade que nos mantinha lá… Contra tudo e todos! Confiaste em mim de uma forma que para mim nunca fez sentido… E isso fez-me perceber como jogadora, mas acima de tudo como pessoa, que eu valia mais do alguma vez achei… E hoje, sempre que sinto medo ou insegurança lembro-me do que me disseste uma vez relativamente a um desempenho meu num jogo “Isto já não é uma questão de confiares em ti como jogadora, mas de confiares em ti como pessoa, como profissional! Já não te afecta só no jogo, afeta-te a todos os níveis da tua vida”… E era verdade, claro… Ainda o é. E passado tanto tempo, ainda não sei como resolve-lo… Fui feliz com vocês como nunca achei que podia sê-lo… Se gostava de voltar atrás no tempo e puder desfrutar de tudo outra vez?? Claro! Dava a minha mão esquerda para isso! Se mudava alguma coisa?? Claro! Gostava de saber o que sei hoje, ter a maturidade que tenho hoje e saber a falta que vocês me fazem! No entanto resta-me, tal como a todas vocês, recordar e ficar com a lágrima solta, prestes a cair quando penso em tudo o que passamos juntas. Hoje, ouvindo a nossa música ainda acredito que nós podemos voar!!"

Testemunhos - III

Quando surgiu a ideia de colocar no meu Blog alguns testemunhos das mulheres que foram outrora as minhas pitas, disse-lhes que o texto seria anónimo, que não mencionaria o nome delas. E não mencionarei... Mas para quê?? A sua identidade está em cada linha...
Este testemunho chega de outro país... de longe... de alguém que teve que nos deixar forçadamente, embora tivesse sido a sua escolha. De longe enviava textos para serem lidos no balneário... Mensagens carregadas de sentimentos de força e saudade... Dos seres humanos mais genuínos que alguma vez conheci...


"Depois de ler o testemunho da nossa eterna capitã, fica muito pouco por dizer, o sentimento é tão mutuo.
Recuando pouco mais de 3 anos, lembro-me perfeitamente de quando soube que o meu futuro me iria trazer para uma nova aventura, para longe de tudo que estava habituada. Apesar de já esperar por esse momento, e saber que seria o melhor para mim, fiquei aterrorizada pelo que estava a sentir e pelo que estava para vir.
Era o meu primeiro ano de sénior, e estava totalmente eufórica por percorrer todos os escalões, sempre tinha sonhado com isso, apesar de ter feito parte da equipa anteriormente, quem não sonhava ser uma das 'sobreviventes' neste caminho? Pois, eu sonhava, ainda hoje o digo e quando falo de basquetebol, as lágrimas ficam no canto do olho, tímidas com medo, porque sei que qualquer pessoa que eu conte, que não tenha feito parte deste caminho, não irá entender na totalidade as minhas palavras.
Mas vocês, a minha eterna equipa, todas que fizeram parte, entendem...
Entendem o que é sentir orgulho em ter crescido num ambiente tão lindo como o nosso. Entendem o que sinto quando se grita 'Pela cidade berço', esperando ouvir uma equipa inteira completar. Entendem o que é ficar sem força dentro de campo porque o jogo não está a correr como deveria e de repente uma voz dizer para levantarmos a cabeça que tudo vai correr bem, que sabemos como fazer aquela 'porra', para lutarmos e nunca desistirmos. Entendem o que é ouvir uma voz dizer-nos que  em condições normais seremos campeãs  e que em condições anormais também seremos campeãs. Entendem o que é ter sempre alguém
que acredita em nós, sempre!
E sinto muito por quem não conheceu ainda esta enorme voz, que continua a sondar a minha cabeça em todos os momentos da minha vida, com as mesmas palavras de força, agora em circunstancias diferentes, porque foi isto que nos ensinou, a lutar e nunca desistir em alguma circunstancia da nossa vida.
Lembro-me de uma frase 'posso não estar a criar jogadoras de uma vida, mas com certeza estou a criar pessoas para a vida'!
E sem dúvida que era isto que distinguia a 'minha treinadora' de todas as outras, ela não se preocupou nunca em apenas nos criar como jogadoras, ela sempre quis criar 'bons seres humanos', sempre nos quis transmitir tudo que sabia para nos preparar para a vida, para tudo que vinha, e a verdade, é que uso tudo isso todos os dias, porque faz parte de quem sou e não sei como seria se assim não fosse.
Quando falo em mulheres da minha vida, não me fico pela minha mãe, porque claramente em toda a minha vida, eu tive uma mãe em casa à espera no fim dos treinos, e outra a qual chamava e sempre chamarei de coach.
Já não é a primeira vez que o digo, a eterna capitã e a quem tenho o orgulho de chamar melhor amiga, e a minha treinadora, são grandes responsáveis em tudo que faço e como faço. Não esquecendo o nome de cada uma que fez parte, porque trago em mim um pouco de cada uma de vocês e serão eternamente a minha equipa e só vocês faziam a magia no basket, sim quando digo só vocês, I mean it, porque quando cá cheguei nada do basket ou equipa me pareceu igual, porque a cara que comandava não era
a mesma, as caras de quem lutava comigo e por mim, não eram as mesmas, e nem mesmo o espírito  e sabem porque?
Porque fomos únicas. Porque há frases que ficam, e 'juntas estaremos, juntas venceremos' será uma delas.
Obrigada a cada uma de vocês por terem feito a minha infância a melhor que poderia pedir, com dificuldades , não houve um dia que me sentisse menor perto de vocês  e obrigada a ti, mãe, coach e eterna amiga, por me teres transmitido tanto, espero um dia puder transmitir a alguém tudo que tu transmitiste.
'I believe I can fly!'"

segunda-feira, 25 de março de 2013

Testemunhos - II


Esta mulher conheceu-nos já nos últimos tempos... Poucos treinos... Minutos de jogo: quase nenhuns... Mesmo assim, sabe muito bem saber que não é a quantidade de minutos que gravamos nos outros, mas a qualidade e a intensidade de todos os que vivemos...





"Cheguei a este país e estava só... Mas quando cheguei a esta equipa, que me recebeu de abraços abertos, senti que tinha encontrado uma segunda família. Estava num mau momento, mas quando estava a com elas e a jogar, sentia-me muito feliz... Os concelhos, as brincadeiras... nunca vou me esquecer destes momentos...e a nossa treinadora foi uma mãe para mim, ajudou-me a crescer e a ultrapassar os momentos mais complicados da minha vida... Fazia tudo para voltar a trás, para viver esses momentos outra vez... Espero um dia voltar a ver-nos todas juntas...

Está tudo gravado no meu coração... O nome de cada uma... Equipa para sempre."

Testemunhos - I

Acabou de chegar o primeiro testemunho prometido. Veio de onde tinha que vir, do exemplo... da capitã de sempre...À equipa não preciso pedir desculpa por esta analogia... pois toda a equipa o sabe... pois toda a equipa o respeita...A minha eterna capitã... Tive várias, mas todas as outras percebem o quanto esta é especial... Há que dizê-lo sem pudores... Uma guerreira incansável...Um reflexo meu dentro do campo... Uma das que privei 10 anos!!! Consecutivos!!!
Levantaste-me tantas taças... Mas deixaste-me levar para sempre a mais importante: a tua amizade e fidelidade incondicional. Por ti tenho o respeito que guardo por muito poucos...


"Desde à bastante tempo que não escrevo sobre um tema que sempre me emocionou, talvez porque não é apenas um tema, talvez porque nunca foi só um tema mas sim um pedaço enorme da minha vida, um pedaço tão grande e entranhado em mim que todas as memórias vivem e aparecem em todos os momentos do meu dia-a-dia.
Desde que lembro de mim como pessoa, é com uma bola de basket na mão, calções a bater nos tornozelos e camisolas que nunca me serviram…a verdade é que foi nesse ambiente que me encontrei, não só em criança mas mais importante, para o futuro. Nunca os olhares ou comentários me rebaixarem por ser mais pequena, mais franzina, mais frágil…pois tive quem me ensinasse que a grandeza vem de dentro, crescemos centímetros quando se trata de alcançar objectivos…
Já não sou mais uma criança, mas tudo aquilo que passei, todos os momentos  fizeram com que a minha pessoa se fosse construindo e ficando cada vez mais vincada, forte e independente. Vivi num ambiente lindo e mágico, onde as minhas colegas eram a minha família, ainda hoje o são, tal como numa família umas longe outras perto mas sempre presentes em mim. Hoje olho para cada uma delas e fico com uma lágrima no canto do olho, todas elas são mulheres, têm objectivos, têm um rumo e isso deixa-me um sorriso enorme.
Gostava de conseguir voltar no tempo e viver tudo, mas ainda assim não mudaria um único ponto, porque foi tudo aquilo que passamos, o bom e o mau, foi cada glória e derrota que me fez encarar a vida sem medo ou receio.
Hoje não sou menos feliz por me ter afastado, por ter perdido alguns momentos…todos os que passei compensam o que poderia vir…hoje mantenho algumas das amizades, trato-as como uma relíquia, porque sei o valor daquelas que sobreviveram aos tormentos das decisões.
Conheci neste longo caminho alguém a quem hoje posso chamar de irmã, alguém com quem me identifico, um dos melhores presentes que a vida nos pode dar, uma amiga para toda a vida.
Sei que ajudei muitas a crescer, sempre tentei dar o melhor de mim, pois sempre quis o melhor para elas…queria olhar para trás e sentir orgulho em cada uma delas. E por isso empenhei e dedico cada gota de suor a elas, porque cada uma da sua forma particular foram a força nos meus músculos, o levantar a cabeça nos momentos difíceis.
Tive também a sorte de ser guiada por uma Mulher, sim com M maiúsculo. Ainda hoje, sempre que toco no nome dela, é sempre a minha treinadora, e a minha mãe…o meu peito incha de orgulho por ter sido presenteada com uma amizade como a dela…aquilo que ela me ensinou não foi basket…aquilo que ela me ensinou aplico hoje, no trabalho, em casa, na vida…
Hoje posso pôr no meu currículo que tenho espírito de equipa, poucos sabem o que isso é, mas eu sei e posso orgulhar-me de ter essa característica. Posso dizer que sim, pertenci a uma grande equipa, feita de grandes Mulheres lutadoras, liderada por uma Mulher guerreira sem comparação.
Um amor que partilhei com pessoas de quem gosto e respeito, deu-me amigos, deu-me família, deu-me tudo aquilo que eu podia pedir…mas mais importante que tudo, deu-me sonhos. Alguns atingidos, outros ainda por atingir…mas uma das maiores lições que aprendi neste mundo é que enquanto acreditarmos, o sonho permanece no nosso caminho.
A minha vida é movida por sonhos, objectivos  e tentar estar com quem me percebe e me faz feliz…de tantas medalhas que tenho, o basket deu-me uma invisível que carrego com orgulho no peito: A Medalha de ouro da amizade."

Viagem

Quase 2 anos e meio sem desvirtuar uma única linha deste espaço que me foi tão querido… Porquê? Porque a vida muda e a nossa história muda com ela… E como mudou a minha… Este foi um espaço criado para falar do lado B de uma treinadora… Um espaço para a mulher que morava dentro dela… Já não sou treinadora há quase 3 anos. Mas os textos, as palavras… esses existem amontoadas em folhas de papel… e por lá moram até hoje. Nunca tiveram vida fora delas. Ao remexer nesse amontoado de vida, debruados com tanta paixão, foi impossível não ser traída pela memória e emergir-me a recordação do meu querido Blog. “Atrasdeumnome” não é apenas um blog sobre as minhas histórias… Não é apenas um palco egocêntrico de vaidades… “Atrasdeumnome” encerra muitas histórias, dezenas de pequenas histórias, de grandes pessoas, de pessoas importantes para mim. Aqui foram publicados os primeiros excertos de mais uma grande paixão: o livro «História de uma treinadora que é mulher», mas a mulher já não é treinadora e o livro permaneceu ali, pela metade. Aqui senti o insucesso de algo deixado a meio. Mas a vida não volta atrás e a mulher não voltará a ser treinadora… Logo, o livro não passará de uma intensão, meio revolucionária de outros tempos. Hoje não reivindico nada… Não sinto aquele fulgor… Apenas sinto que posso imortalizar mais alguns momentos e partilhá-los com aqueles que fizeram a minha história. Os textos que aqui deixarei, foram todos escritos antes de Julho de 2011. Fazem parte de uma vida que já não vivo, mas que foi minha. Tentarei deixar alguns testemunhos daquelas que foram a minha maior vitória: as minhas pitas. Este sim, testemunhos atuais, não das meninas que vi crescer, mas das mulheres que se tornaram… Todo o resto, são apenas histórias que ficaram lá atrás. Nada pretendem para além da partilha. E no final, encerrar um ciclo, e quem sabe voltar a escrever, atrás do mesmo nome, mas dentro de uma mulher profundamente diferente. Não imaginam o quanto… Deixo também o alerta, pois a minha vida agora é branca e é o branco que eu procuro… A paz… A tranquilidade… A vida já foi madrasta que chegue… Portanto, a todas as pessoas cinzentas que se cruzaram comigo e não gostaram, e ainda não gostam: este é o meu blog e todos os comentários têm que ser aceites por mim para serem publicados, então, não percam tempo comigo… Não escrevam o que não vou publicar… Ignorem-me… Tal como vos farei… Espero relembrar os dias de sol…