terça-feira, 20 de outubro de 2009

Metáfora do presente

Caminho à noite na floresta.
Os trovões penetram-me estrondosamente, bloqueando-me os pensamentos. Não há lua nem luar… A noite é pesada e escura…
Caminho descalça na floresta… Desbastada pelos incêndios… O vento não agita os ramos, assobiando-me verde esperança. Não agita os ramos, pois não há árvores, nem ninhos… Apenas cinzas…
Não se ouve o uivar dos lobos, nem o canto das corujas… Não há vida…
Continuo a caminhar descalça na floresta, e os meus pés sangram…
A chuva mistura-me as lágrimas… A cada passo os meus pés sangram mais…. A cada passo o nevoeiro adensa-se…
Eu sei porque caminho, só não percebo a tempestade…
Finalmente, a encruzilhada…
Os pés não aguentam o corpo, e caio de joelhos…
Mais um trovão, mais chuva, mais nevoeiro…
Ajoelhada na encruzilhada, limpo as lágrimas, mas não limpo a visão…
A noite escura não pode esperar… Não mais…
A floresta espera a minha escolha….
De joelhos em frente à encruzilhada, tenho mesmo que avançar…
Vou pelo caminho que quero, ou, pelo que sei que tenho que ir?