quarta-feira, 1 de julho de 2009

Do banco de uma mulher

14 de Outubro de 2007, Domingo. Hoje decidi que passaria para esta folha de papel os resquícios emocionais de uma treinadora em início de carreira, talvez não sejam resquícios, talvez não os consiga dissecar a esse ponto! Talvez nesta folha de papel fique toda a minha alma.Não sei porque escrevo, não tenho nenhuma linha ideológica, não cuido a linguagem, não construo gramaticalmente as frases... Escrevo simplesmente com as palavras que afluem na minha mente, debruadas com sentimentos não visíveis das bancadas... Escreve a treinadora, mas mais do que isso, escreve quem dentro dela mora.Hoje o dia é primaveril, apesar de Outubro já se arrastar pela metade, contudo, para mim o sol não brilhou...Tenho o semblante carregado e os braços apenas se levantaram para recortar esta folha, ao ritmo do meu desalento.Jogo de juniores em Ponte de Lima! A equipa campeã, no seu segundo jogo, desloca-se a um campo difícil, onde todos pensariam que as locais venderiam cara a derrota.Engano!!!As campeãs em título nem conseguiram vender cara a derrota!!!Resultado avassalador!!! 51 pontos de diferença, com apenas 17 marcados. Por certo deixará marcas...Sinto os dedos virarem-se para mim, ameaçadores.Raramente senti reconhecimento pelo meu trabalho, nem sequer pelo meu esforço. Enganem-se os que pensam que ele não é importante para mim.De repente um título nacional faz-me despontar por entre as brumas, para um palco semi-mediático. Não sei se o reconheceram, mas pelo menos viram que estava lá. Imaginei uma época com diferentes olhares, onde o reconhecimento imperaria. Esta seria uma época em que se notaria que estava lá.Mais uma vez, Engano!!!Em todos os sectores esfumou-se o brilho fulgurante de um passado recente. Nem aqueles que ao meu lado ergueram o ceptro, me tocam ao de leve, com os seus dedos reconfortantes nas minhas costas carregadas. Eles que faziam parte de mim, parte integrante do meu sucesso. Dos poucos de quem sentia um reconhecimento Naif do que fazia. Para eles deixei de fazer parte do sonho, colocando-me num túmulo distante.Apenas a equipa recorda os dias áureos em que fomos importantes, e penso, embora não tenha a certeza, que viverão à sua sombra durante algum tempo, sem se aperceberem que aos intransigentes olhos dos outros, isso nada vale.Por hoje, aqui jaz a minha alma, esperando uma mudança meteorológica.

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